Casa em Tatuí

Problemática:
- terreno em aclive - vista voltada para a face sul
- necessidade de uma construção econômica
- ambientes integrados evitando a separação por pavimentos (exigência dos clientes).
- preservar a bela vista que se tem do terreno.

Clientes: Casal (entre 55-60 anos) com uma filha.
Solução: O programa da residência foi resolvido em um único volume retangular, sendo que os quartos (áreas intimas) foram locados nos fundos do lote, voltados para o norte e para um jardim mais reservado .
A área social da casa (sala de estar, jantar e cozinha) ocupa o outro extremo desse retângulo e é voltada para uma bela vista da cidade de Tatuí.
A construção é um volume monolítico com um vazio no centro, um pátio que banha o interior da construção com iluminação natural, delimita os espaços “íntimos x social” e preserva a integração visual e a relação com o pavimento inferior; a ideia é que nesse espaço central seja futuramente plantada uma árvore, conforme o corte apresentado. A circulação da casa se dá em torno desse vazio e é aproveitada como ambiente de estudo com proporções generosas na frente dos quartos, onde foi posicionada uma grande bancada voltada para o vazio e beneficiada com a luz natural. O volume da casa paira sobre o terreno em aclive na frente e repousa sobre o mesmo nos fundos.

A área social da casa fica 80cm mais alta em relação à área intima, essa diferença de nível foi a solução encontrada para: 1-) possibilitar a altura necessária para uma garagem no pavimento térreo; 2-) preservar a vista (pois existe uma construção na frente do lote); e, 3-) a diferença de 80cm é a medida exata da altura de uma mesa para a área de estudos. Esse último ponto parece simples mas é muito importante, pois dessa forma não existe um objeto (no caso uma bancada de estudos) obstruindo a visão, o topo da bancada está nivelado com o piso da área social. A área social da casa voltada para vista da cidade é face sul, o que permitiu a utilização de grandes panos de vidro aproveitando-se ao máximo a vista, sem prejudicar o conforto ambiental. Os panos de vidro correm para as laterais permitindo que praticamente todo vão fique aberto e o ar cruze a sala em direção ao pátio.
As únicas vigas desse trecho são transversais a fachada e de grande importância para o travamento dos pilares

Sustentabilidade: Para o revestimento externo foram utilizados tijolos locais artesanais (além de melhorar o conforto térmico interno é o principal material produzido na região de Tatuí). Iluminação natural captada pela casa por todas as aberturas minimiza muito o uso de energia elétrica durante o dia. A implantação da casa considera o estudo de corte e aterro para evitar ao máximo a remoção de terra. O pátio interno também é um espaço importante para a climatização natural interna da casa, através da vegetação do pátio a umidade do ar melhora; um aspecto importante em Tatuí é que durante grande parte do ano o clima é bastante seco.

As lajes de cobertura dos quartos e sala de estudo foram desenhadas para permitir iluminação indireta dos ambientes (ver corte), principalmente nos quartos onde as aberturas inferiores ficam muito próximas do muro de divisa. O desenho do piso do pavimento térreo é bastante orgânico e contrasta com o volume retilíneo da construção, resultando em uma composição agradável. Entende-se a caixa d’água como um “equipamento” que fica solto do volume da casa. A construção é resultado de soluções construtivas simples e econômicas que priorizam os espaços e iluminação natural. A estrutura da casa é de concreto armado convencional, com exceção do piso da sala, onde foi utilizar uma laje de vigota pré moldada para vencer o vão de 8,5m com um espessura de 35cm.

FOTOS: Pedro Kok

Casa em Tatuí

TOSCANO BITTAR